sábado, 29 de outubro de 2011

Em um mesmo céu



Dialogo com as estrelas
Que respondem em silêncio
Tão sabidas da distância, tão confiantes em si próprias
Ainda comungam sentimentos de humana nostalgia
Confortam-me com a garantia de iluminar
Tanto aqui, quanto outro lugar

Aline M. Gonçalves

domingo, 23 de outubro de 2011

Para meninas apaixonadas


Deixou-se envolver pelo manto ardente
Rendeu-se ao inevitável  sentimento temido
Experimentou amargo da saudade do ser ausente
E deleitou-se com reencontro tão pedido.
Aline M. Gonçalves

sábado, 22 de outubro de 2011

A impotência de um polvo tetraplégico
Mestiço de empatia e ânsia
Retalhos de um não vazio
Preenchendo a desesperança

Aline M.Gonçalves

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Catatônicos


Docemente presos
num catatonismo voluntário
imóveis, isolados e ilesos
positivam o amor e rejeitam o contrário.

Envoltos em pacífica atmosfera,
contradizem o turbilhão de dúvidas
desejosas por males onde só o certo impera
e dois são um, como energias híbridas.
Aline M. Gonçalves

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Metamorfose

Metamorfoseou-se,
deixando teu casulo de espinhos.
Como uma autora, recriou-se,
deixando o que foi, buscou novos caminhos.

Para tal mudança referida,
enfrentou o toque gélido,
que renderia um incrédulo,
a efemeridade da vida.

Como uma fênix das cinzas reviveu
e como recompensa a tudo que sofreu
és carne, sangue e coragem.
Beleza em alma e imagem.

Aline M. Gonçalves


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Restos


Do desgosto,
resta o gosto.
Do amargo,
resta a boca.
Do afago,
lembrança pouca.

No âmago da alma,
não resta dúvida da inconstância
e da humilde petulância
que não se acalma.

Do que ficou,
Nada restou.
Aline M. Gonçalves

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Lamentos



Não lamente por mim
As lágrimas, antes da aurora secaram
E poucas lembranças restaram
Do que há muito se foi, enfim.

Não lamente, pois as pétalas ofegantes
que aos seus olhos murcharam
aos meus florescem em campos verdejantes
e o orvalho deslumbraram.

Não lamente a lágrima que não secou
ou a pétala que murchou.
Celebre o raiar do dia
e antes do crepúsculo, a dor torna-se alegria.




Aline M. Gonçalves

terça-feira, 19 de julho de 2011

Grata


Por todos os outros amores negados,
lacerantes rejeições,
dos que restaram tristes emoções
e inconsoláveis olhos de tristeza embriagados.

Por não ter se adiantado
ao meu alcance ou atrasado
posto que preparada ainda não estaria
ou esperá-lo-ia certa de que não tardaria.

Grata por ti, pelo amor que inspira
agrados, sentimentos e poesia.
Supondo felicidade, outro não seria.
Aline M. Gonçalves

sábado, 9 de julho de 2011

Ausência



Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Vinícius de Moraes



terça-feira, 28 de junho de 2011

Corações calejados


"Tem riso que parece choro
Tem choro que é por alegria
Tem dia que parece noite
E a tristeza parece poesia"
                           Sonho de uma flauta - O teatro mágico

Supunha dor
em demasia,
cólera em fervor,
canto sem alegria.

Os olhos, com tristes lamentos,
lacrimejam questionantes,
inspiram poesias a mentes pensantes,
escondem em si seus tormentos.

As dores do coração ao se doar,
flores murchas em longo pranto.
E, mesmo em face de tamanho desencanto,
todavia, ainda amou amar.
Aline M. Gonçalves

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sinestesia insensata


Os gritos mudos
suplicam socorro urgente
a ouvidos opcionalmente surdos,
gerando, a olhos nus, um som latente.

O cheiro da fobia
minunciosamente camuflada,
mascarada, pelo tato da alegria,
abonança limitada.

A fatia que ninguém viu,
o grito que ninguém ouviu
do ser, que sem o direito de ser,
não sentiu.
                     Aline M. Gonçalves

terça-feira, 31 de maio de 2011

Esferográfica na pele


A arte, como mágica,
não só pela arte
mas pelo prazer, parte a parte,
do deslizar da esferográfica.

De rabiscos à riscos infantis
para chegar aos metódicos traços senis.
O céu mostra a liberdade metafórica
com seus sol e lua que chega a ser retórica.

[E o vento, o vento que uiva para que os nossos riscos encontrem-se...]
                                                                                       
Aline M. Gonçalves

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A menina do lado


Ela ama a vida
e a vida lhe ama.
Cutuca a ferida
e visita a insegurança, que chama.

Naqueles ruivos fios
guarda mais que lembranças.
Guarda sonhos e esperanças,
medos e arrepios.

Não perde em se perder
E te ganha no olhar.
A vida é boa menina! E só saber
e querer apreciar.
Aline M. Gonçalves

domingo, 22 de maio de 2011

O rio


Os destinos são
como espelhos d'água.
Refletirão
todo amor ou mágoa.

Mesmo com distorções
que parecem sem nexo
ora côncavo, ora convexo
fielmente, retorna as ações.

Em sua água calma
tudo se vai, mesmo que lentamente
e acalma a alma
daquele que chora e sente.
                                     Aline M. Gonçalves 

domingo, 15 de maio de 2011

Paradoxo


Trocando o não certo
pelo certo,
no dançar dos paradoxos.

Fez-se acerto a teoria errante
de que eram pessoas certas no momento errado
Fez-se amada a amante
Fez-se amado,
o pecador.
Do trocadilho, fez-se o amor.
Aline M. Gonçalves

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A mulher atrás do espelho



Amo tudo que dói em você
porque também em mim dói.
A mesma mazela, que em você ninguém vê,
O meu coração corrói.

Aline M. Gonçalves

quarta-feira, 20 de abril de 2011

por detrás dos devaneios


Desejei para ti
uma felicidade que nao é minha.
E tanto, triste,
esperei um adeus
que não ouvi.

E hoje, não seguro mais
uma alegria que escapa pelos dedos.
Esperimento, não a virtude de um futuro que não importa,
Mas sim, um presente que suporta
toda a intensidade do que vivi
e vivo.

                                                                                            Aline M. Gonçalves

domingo, 10 de abril de 2011

Teoria da saudade



O que pensou o destino
ao unir duas almas distantes
causando tamanho desatino
aos pobres amantes?

Talvez queria testar
o limiar entre a saudade e a angústia
fazendo soar a melodia
da lágrima nostálgica a rolar.

Talvez só pensou que esta distância,
que para os dois é uma discrepância,
não fosse só um instrumento de dor,
mas sim, um catalisador do amor.

                                                                                                      Aline M. Gonçalves

segunda-feira, 28 de março de 2011

Amor colorido



Pintar-te-ei
um amor colorido.
Para que chegue aos seus olhos,
como a cor do teu vestido,
o que para o coração já cantei.
                                                                                                            Aline Mara Gonçalves

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ela em preto e branco

No seu arco-íris
de cinzas cores,
prefere mártires
a seus amores.

Coleciona ilhas de orgulho
em um oceano de solidão.
Silencia para o espelho
o que grita o coração.
                                                                                                                Aline M. Gonçalves